terça-feira, 23 de março de 2021

Os 15 anos do Parque Nacional dos Campos Gerais e a Escalada

 


O Parque Nacional dos Campos Gerais celebra 15 anos, seu diploma legal de criação é de 23 de março de 2006, e o LabTan esteve sempre à disposição para parcerias no âmbito de pesquisas e ações que contribuam para a gestão da área. O PNCG tem como objetivo principal proteger os ambientes naturais ali existentes com destaque para os "campos gerais" e sua expressiva geodiversidade. O parque também deve realizar pesquisas científicas, promover a educação ambiental e o turismo de forma responsável.

Um dos esportes de aventura que ocorrem na região do PNCG há bastante tempo, é a escalada. E a Sara Ribas traz aqui o relato da sua vivência como escaladora e pesquisadora do tema:

"Junto ao Laboratório de Turismo em Áreas Naturais (LABTAN), vinculado ao curso de Turismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob orientação da Professora Drª Jasmine Cardozo Moreia, desenvolvi minha pesquisa de mestrado no Programa de Pós-graduação em Geografia- UEPG. A dissertação teve como enfoque subsidiar informações para o manejo do uso público, com enfoque na atividade de escalada no Parque Nacional dos Campos Gerais.

A prática desta atividade deve ser planejada de acordo com a categoria da unidade de conservação e regularizada para conciliar o uso público com a conservação ambiental. Porém sem estudos os gestores não têm informação para tomada de decisão e tendem a restringir a escalada dentro dos parques. Pensando nisso, a pesquisa teve como objetivo geral sugerir regras de uso público para a realização da escalada no PNCG.

Para cumprir o objetivo geral da pesquisa, foram necessários traçar objetivos específicos: Verificar como acontece a atividade de escalada em outras áreas protegidas; realizar diagnóstico dos setores de escalada no PNCG; e determinar qual perfil dos escaladores e seu comportamento no ambiente. As metodologias utilizadas para cumprir com os objetivos foram: O Roteiro Metodológico para Manejo do Impacto da Visitação, publicado pelo ICMBIO (2011); a aplicação de questionário (Gooogle Forms) baseado em estudos internacionais com exemplos de parques que pesquisam o perfil de seus visitantes; e por último os modelos brasileiros de parques que implantaram os termos de assunção de risco como obrigatoriedade de preenchimento para a gestão do parque.

Como resultados obtivemos cinco diferentes locais dentro do PNCG em que há setores de escalada, sendo eles: Cachoeira do Rio São Jorge, Boulder da Serrinha (próximo ao São Jorge), Buraco do Padre, Setor Macarrão, Dolina Grande, distribuídos em 14 setores que englobam diversas vias. Para priorizar os lugares com atividades de escalada que devem ser objeto de manejo de impacto da visitação são: da Cachoeira do Rio São Jorge são os denominados Valéria e Mesa de Pedra e o Boulder da Serrinha onde os impactos são evidentes. O questionário foi aplicado para 30 escaladores e foi identificado o perfil demográfico e o comportamento de baixo impacto dos praticantes. Constatou-se que 95,8% dos entrevistados sentem-se no dever de compartilhar a responsabilidade pela manutenção das áreas de escalada, demonstrando o alto grau de identidade com o PNCG.



Como produtos, além da dissertação completa, tivemos a publicação de três artigos que resumem a dissertação e respondem com os objetivos da pesquisa. O “Diagnóstico de uso das áreas com atividade de escalada no Parque Nacional dos Campos Gerais – Pr” foi o artigo que aponta e descreve as cinco áreas com uso público na UC para atividade de escalada (RIBAS; MOREIRA, 2020a).

Outro artigo foi “Parque Nacional dos Campos Gerais (PR): subsídios visando o manejo e o monitoramento dos impactos do uso público da atividade de escalada o PNCG”, que aponta os setores prioritários onde os impactos são evidentes e a priorização deve ser dada; e são apresentadas as recomendações de manejo para a prática e é feita a sugestão do Termo de Responsabilidade (RIBAS; MOREIRA, 2020b)

Também foi publicado o artigo “O perfil do praticante de escalada do Parque Nacional Dos Campos Gerais – Pr”, que teve como objetivo caracterizar o perfil dos escaladores, através da aplicação do questionário, que foi baseado em uma pesquisa realizada com escaladores no New River George National River, em West Virginia, nos Estados Unidos. Como resultados o artigo apresenta informações básicas demográficas, sobre a satisfação, qualidade da experiência e o comportamento dos escaladores no ambiente (RIBAS; MOREIRA, 2019).

Desde a realização desta pesquisa, muitas mudanças ocorreram nestes locais. O buraco do Padre passou por revitalização, assim como a Cachoeira do Rio São Jorge, que reformou suas instalações, retirando as estruturas físicas das áreas de preservação permanente (APPs). A dolina Grande e as Furnas Gêmeas atualmente contam com a gestão do Refúgio das Curucacas Ecoturismo, onde acontecem caminhadas ecológicas, escalada, camping e interpretação ambiental, cumprindo assim, com os objetivos da criação da unidade de conservação.

A conclusão que chegamos é a importância da pesquisa e o papel das universidades, pois pensar e debater o assunto é o caminho para a participação efetiva da sociedade nos processos de tomada de decisão no meio ambiente."





REFERÊNCIAS GILBERTSON, K. L. Assessing a rock climbing management plan: determining baseline behaviors toward protecting resource degradation. Minnesota: Cura Resource Collection, 2001. INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio). Roteiro Metodológico do Impacto da Visitação: com Enfoque na Experiência do Visitante e na Proteção dos Recursos Naturais e Culturais. MMA, 2011 p.88, Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/roteiro_impacto.pdf> MCKENNEY, K. M. Rock Climbers in the New River Gorge: Attitudes toward Management Actionsand Trust of Park Managers West Virginia University. 2013. 102 f. Thesis (Doutorado em Forestry Recreation, Parks and Tourism Resources) - Davis College of Agriculture, Forestry and Consumer Sciences at West Virgina University, West Virginia, 2013. RIBAS, S. F.; MOREIRA, J. C. O perfil do praticante de escalada do Parque Nacional dos Campos Gerais - PR. Revista da Casa da Geografia de Sobral (RCGS), v. 21, p. 55-73, 2019. RIBAS, S. F.; MOREIRA, J. C. Diagnóstico de uso das áreas com atividade de escalada no Parque Nacional dos Campos Gerais - PR. Publicatio UEPG: Ciências Sociais Aplicadas, v. 28, p. 13463-1-24, 2020.a RIBAS, S. F.; MOREIRA, J. C. Parque Nacional dos Campos Gerais (PR): subsídios visando o manejo e o monitoramento dos impactos do uso público da atividade de escalada. Élisée - Revista de Geografia da UEG, v. 9, p. 01-25, 2020.b WEEKLEY, G, M. Recreation specialization and the recreation opportunity spectrum: a study of climbers. 2002, 97f. Thesis Master of Science (Recreation, Parks and Tourism Resources) Davis College of Agriculture, Forestry and Consumer Sciences at West Virgina University, West Virginia, 2002

quarta-feira, 17 de março de 2021

Parque Nacional dos Campos Gerais e seu entorno

 


O Prof. Leandro Baptista (DETUR UEPG/LABTan) nos conta sobre a pesquisa que resultou na dissertação de mestrado “Parque Nacional dos Campos Gerais - PR: Oportunidades para comunidades de entorno”.

A pesquisa foi realizada entre 2012 e 2013 e se concentrou em entender quais benefícios e possibilidades de engajamento para as pessoas que residem no entorno do PNCG poderiam ter, com a criação da UC (delimitamos a zona de amortecimento como recorte). Visitamos todas as casas em 4 comunidades - Biscaia, Passo do Pupo, Cerradinho e Alagados e entrevistamos uma pessoa por residência, para sabermos se os moradores sabiam da existência e dimensões do Parque, opiniões, possibilidades e desejo de se engajar em alguma atividade ou serviço com correlação com esta UC. 

Os resultados indicaram à época, que grande parte dos entrevistados desconhecia o Parque, e entre os que conheciam, era mais de "ouvir falar" do que em ações mais efetivas do poder público em dar publicidade e conhecimento sobre a área protegida. Alguns relatos foram bastante negativos, onde percebia-se que um discurso contrário à criação do PNCG havia "chegado antes" aos moradores, especialmente àqueles que trabalhavam ou tinham vínculo com alguém que trabalhava em áreas de plantação que ainda estão no interior da UC e em domínio privado. Àqueles que se mostravam favoráveis ao Parque indicavam iniciativas que poderiam ser absorvidas pela gestão da Unidade, como a produção artesanal de doces e compotas que ocorrem no Cerradinho, outros se mostravam otimistas em atuar como guias no Parque e também houve relato sobre a intenção em construir um equipamento de hospedagem domiciliar e a oferta de alimentação aos visitantes. Entendemos que havia um distanciamento entre a equipe técnica do ICMBio e as comunidades, para que uma visão holística sobre a criação do PNCG pudesse ser alcançada pelos moradores.

Na etapa de preparo das entrevistas e elaboração de roteiros, imaginava que as pessoas seriam mais fechadas, não iriam querer conversar muito. No entanto o campo se tornou um prazer, com a maior parte das pessoas sendo muito solícitas e hospitaleiras, oferecendo para "entrar e tomar um café", em diversas ocasiões.

Uma situação que se tornou curiosa/engraçada foi com uma entrevistada da melhor idade. Sempre no início de cada entrevista, eu me identificava e perguntava se a pessoa conhecia o Parque Nacional dos Campos Gerais, com este nome mesmo, de forma completa. Esta entrevistada disse que sim, com entusiasmo, e no decorrer das perguntas, as respostas não estavam fazendo muito "sentido", até que entre suas colocações ela disse algo como: "o parque é importante! é bem bonitinho e as crianças adoram brincar na balança", e então entendi que ela estava se referindo desde o início ao playground existente na pracinha perto de sua casa. Infelizmente tive que excluir a resposta da entrevistada, mas foi ótimo contar com o carisma e gentileza dela.





segunda-feira, 8 de março de 2021

Conhecendo o Patrimônio do Parque Nacional dos Campos Gerais: Cartilha Educativa e Interpretativa

                                          

Neste mês de março, vamos destacar ações do LabTan no Parque Nacional dos Campos Gerais celebrando sua data de criação, 23 de março de 2006.

A Bárbara Leite, nossa egressa, conta sobre o projeto “Conhecendo o Patrimônio do Parque Nacional dos Campos Gerais: Cartilha Educativa e interpretativa”:

“O projeto teve início no PIBIC com o objetivo de desenvolver materiais interpretativos sobre o Parque Nacional dos Campos Gerais, quando eu estava no 2° ano de Turismo. Foi tomando forma, e resultou no meu TCC, com orientação da professora Jasmine. O objetivo era criar a cartilha para divulgar a existência do Parque Nacional dos Campos Gerais e principalmente, enfatizar a fauna e a flora da nossa região. A cartilha possui atividades lúdicas, como caça-palavras, cruzadinhas, ligue os pontos; todos relacionados com os animais, as plantas e os atrativos turísticos do Parque. No TCC, apliquei a cartilha em uma Escola Municipal e levei as crianças para conhecer o Buraco do Padre. Na sequência, o projeto da cartilha foi encaminhado pela Professora Jasmine ao Programa de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná (PROFICE), foi aprovado e a impressão desse material resultou na aplicação, juntamente com o ICMBio, em dez escolas da rede particular de ensino do município de Ponta Grossa”.

                                        Bárbara levando a cartilha a escolas de Ponta Grossa

                                        Aula de campo com as crianças  no Buraco do Padre


                                        Aula de campo com as crianças  no Buraco do Padre

“Foi muito gratificante desenvolver toda a pesquisa, elaborar o material e levar a prática. Além disso, poder divulgar o Parque Nacional dos Campos Gerais, trabalhando com educação ambiental, é muito enriquecedor. Uma das experiências mais emocionantes foi o momento que as crianças observaram a cachoeira e avistaram as espécies citadas na cartilha, o Xaxim, a Araucária, o Cacto-Bola, foi incrível ver o encantamento das crianças”.

Aqui, uma atividade da cartilha com um pequeno texto sobre a experiência de um aluno em conhecer um atrativo do Parque Nacional dos Campos Gerais:

Conheça a Cartilha acessando o link: https://www.researchgate.net/publication/321881797_Conhecendo_o_Parque_Nacional_dos_Campos_Gerais

E confira as publicações sobre a Cartilha do PNCG:

Revista Científica

MOREIRA, J. C.; LEITE, B. C. ; GARCIA, L. V. M. ; SOUZA, L. F. . Elaboração de cartilha educativa e interpretativa destinada ao público infantil: relato de experiência do Parque Nacional dos Campos Gerais - PR. Revista Conexão UEPG, v. 15, p. 76-82, 2019.

 Anais de Eventos

LEITE, B. C; MOREIRA, J. C. A ATIVIDADE TURÍSTICA NO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS E A INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL: CARTILHA EDUCATIVA. In: IX Fórum Internacional de Turismo do Iguassu, 2015, Foz do Iguaçu. Anais do Fórum Internacional de Turismo do Iguassu. Foz do Iguaçu: Editora do FIT, 2015. v. 1. p. 1-13.

LEITE, B. C.; MOREIRA, J. C.A Atividade Turística no Parque Nacional dos Campos Gerais e a Interpretação Ambiental: Cartilha Interpretativa. In: III Congresso de Turismo dos Campos Gerais, 2014, Ponta Grossa. Anais do 3o Congresso de Turismo dos Campos Gerais. Ponta Grossa: UEPG, 2014. v. 1. p. 1-4.

LEITE, B. C.; MOREIRA, J. C. A Atividade Turística no Parque Nacional dos Campos Gerais (PR) e a Interpretação Ambiental: Cartilha Educativa. In: I Seminário de Pesquisas do Parque Nacional dos Campos Gerais e da Reserva Biológica das Araucárias, PR, 2016, Ponta Grossa. Anais do 1o Seminário de Pesquisas do Parque Nacional dos Campos Gerais e da Reserva Biológica das Araucárias, Ponta Grossa. Ponta Grossa: ICMBio, 2016. v. 1. p. 103-106.

 TCC – acesso no www2.uepg.br/turismo

Barbara Cristina Leite. A ATIVIDADE TURISTICA NO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS (PR) E A INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL: CARTILHA EDUCATIVA. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Bacharelado em Turismo) - Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Jasmine Cardozo Moreira.